segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Prefeitura Municipal de Canoas - Cartilha Parada Fácil é lançada ...


Na manhã desta sexta-feira, dia 06, a Prefeitura de Canoas, através da Secretaria de Transportes e Mobilidade e da Coordenadoria de Inclusão e Acessibilidade em parceria com a Associação dos Deficientes Visuais de Canoas (ADEVIC), lançou duas novas versões da última edição da Cartilha Parada Fácil: em braile e ampliada. Com a iniciativa, pessoas com a perda total da visão e pessoas com visão parcial poderão fazer uso da cartilha com os horários e linhas de ônibus da cidade.

O ato de lançamento contou com a presença do prefeito Jairo Jorge, do secretário de Transportes e Mobilidade, Luiz Carlos Bertotto, da coordenadora de Inclusão de Acessibilidade, Ony Teresinha, do vereador e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores, Almiro Gherat, o Cebola, do presidente da ADEVIC, Enio José da Silva, do coordenador da ADEVIC, Eri Domingos da Silva, e do presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

O secretário Bertotto salientou que Canoas é a primeira cidade do país a oferecer a publicação com informações sobre os ônibus em braile. "Este é mais um passo, pequeno, mas importante para integrar e contemplar todas as pessoas do município", disse. Ony Teresinha definiu o momento como uma conquista, um ato que mostra o olhar da atual gestão para os deficientes. "24% da população tem alguma deficiência, temos 148 mil pessoas cegas no Brasil. A sociedade é que precisa ser incluída, a cidade deve ser para todos os cidadãos", declarou a coordenadora.

Com 463 pessoas na Associação que coordena, a ADEVIC, Eri Domingos salientou ser antiga a luta para tornar acessível os materiais impressos. Para ele, reflete o início de uma mudança de cultura na cidade. "Isso não possibilita a igualdade, que não é o que buscamos, mas possibilita oportunidades iguais para todos", afirmou o coordenador. O vereador Cebola reforçou a utilidade da publicação: "este material é de profunda importância, não somente na questão simbólica, mas na prática do dia a dia". De fato, a iniciativa representa um avanço para todos que convivem com a cegueira ou com a visão limitada. Para Valdir da Silva, da ADEVIC, que recebeu das mãos do prefeito Jairo Jorge um exemplar, a cartilha em braile será muito útil. "É um instrumento que nos dá oportunidade de poder ter acesso ao transporte, pois já saberemos os horários e linhas ao chegar nas paradas. É autonomia", destacou ele, que utiliza ônibus diariamente.

Após fazer a entrega de dois exemplares, um em braile e outro com fontes ampliadas, o prefeito declarou ser um mérito Canoas ser a primeira a oferecer o material, mas também um absurdo, porque mostra quanto ainda falta para que as cidades tenham acessibilidade. "A parceria que viabiliza estas impressões é um avanço, que sirva para replicar em outros municípios. Temos é que naturalizar essas ações, para que não sejam isoladas", disse Jairo.

Para solicitar uma cartilha em braile ou ampliada, basta fazer inscrição em uma das quatros Subprefeituras ou na própria ADEVIC (Rua Rio de Janeiro, 360 - Mathias Velho).

Crohn


Eri Domingos da Silva
O professor Eri Domingos da Silva, 35 anos, solteiro, de Canoas (Rio Grande do Sul), teve muitas dificuldades para descobrir que tem Crohn. Em 1988, depois de perder quase 30 quilos devido às constantes diarréias, seu médico clínico resolveu que ele deveria ser operado para ver o que havia de errado com o seu intestino. Durante a cirurgia, deparou-se com 42 cm de inflamação no intestino delgado. Não sabendo “o que fazer”, como conta Eri, o médico fechou o corte e lhe prescreveu corticóides. As crises de diarréia com dor abdominal, claro, continuaram e, em fevereiro de 1991, ele teve uma fístula e um abscesso durante quase um semestre. Naquela altura, o professor — que dá aulas em escolas municipal e estadual em Porto Alegre — já tinha trocado de médico. O novo profissional não viu outro jeito senão operá-lo novamente. “Foram cortados de 60 a 80 cm do meu intestino, não me lembro ao certo”, diz Eri. Depois desta cirurgia Eri teve cinco anos de alívio dos sintomas.
Mas por volta de 1996, 1997 as dores já tinham voltado e ele de novo trocou de médico. “O que estava comigo não queria arriscar medicações novas e daquele jeito eu não podia ficar” afirma ele. Eri procurou um gastroenterologista e soube que tinha Crohn. “Eu não conhecia esta doença e não podia buscar informações na Internet porque não tinha instalado ainda no computador um programa de sintetizador de voz”, conta Eri, que é deficiente visual de nascença. “Agora já resolvi essa dificuldade e já entrei em vários sites sobre a doença.” Hoje, além do computador, o professor Eri também está com sua doença melhor acompanhada. Toma Azatioprina todos os dias, mas ainda não conhece o Remicade. “Se eu pudesse optar entre curar o Crohn ou a minha deficiência visual, preferiria curar o Crohn”, afirma Eri. Com a minha deficiência visual me sinto absolutamente integrado, ela não me impede de fazer nada. Já com o Crohn, o caminho é algo incerto.” O professor é presidente da Associação de Deficientes Visuais de Canoas e gosta de tocar violão ouvir música com os amigos.